segunda-feira, março 21, 2005

CONCLUSÕES DO DEBATE SOBRE INCÊNDIOS FLORESTAIS DA JSD/ALGARVE

Após o desastre económico, social e ambiental que a vaga de incêndios provocou na região algarvia, a JSD/Algarve considerou fundamental a realização deste evento, uma vez que surgia a necessidade de reflectir e identificar as principais falhas no combate aos fogos, bem como traçar os melhores caminhos e propor medidas concretas para que o mesmo cenário não se torne a repetir.

Foi convidado como conferencista, o Professor Doutor Nuno Loureiro, docente na Universidade do Algarve e especialista na matéria que apresentou uma excelente comunicação sobre as Causas e Consequências dos Incêndios Florestais na região algarvia.

Para a mesa de debate foram convidados o Eng.º Luís Gomes (Deputado na Assembleia da Republica e membro da Comissão Eventual de Incêndios Florestais), o Dr. José Paula Brito (Director da Direcção Regional de Agricultura do Algarve), o Eng.º João Varela (Coordenador do Núcleo Florestal do Algarve), o Comandante José Faísca (Representante do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil) e o Eng.º Luís Brás (Representante da Associação Ambientalista “Almargem”).

Ao longo do debate, concluiu-se que os incêndios no Algarve são devastadores uma vez que actualmente, apesar do aumento de investimento, em quase 20% no combate aos fogos, não há capacidade técnica nem humana para os combater. Por outro lado, foram admitidos erros na prevenção dos fogos florestais e na afectação de meios. A estes factores, juntou-se a forte onda de calor, a baixa taxa de humidade (2003 teve o Verão mais quente dos últimos 500 anos!) a desertificação e o envelhecimento das povoações do interior, as condições climatéricas semi-aridas e o relevo acidentado.

A solução para evitar ou minimizar este flagelo, uma vez que os incêndios são característicos do nosso tipo de vegetação, passa por apostar mais na prevenção, envolvendo mais as populações, nomeadamente através da sua sensibilização e formação no sector dos direitos e deveres dos proprietários e na correcta gestão do seu património florestal. Outro ponto considerado imprescindível, é definir de forma clara e adaptada à realidade qual o modelo de floresta que interessa a Portugal e ao Algarve. É de referir que este ponto está quase cumprido uma vez que foi anunciado durante o debate que muito brevemente estará concluído o Plano Regional de Ordenamento Florestal do Algarve (PROFAlgarve), sendo considerado uma “arma” fundamental para a prevenção de incêndios uma vez que, actualmente, a maioria das características da floresta portuguesa não estão devidamente cadastradas e identificadas. A partir daqui há as condições para se ter uma floresta ordenada e pluriactiva a que se terão de juntar obrigatoriamente bons asseiros, devendo-se aqui, apostar na qualidade em detrimento da quantidade.

Foi também referido a necessidade de serem criados melhores meios de prevenção e detecção de incêndios florestais através de mais brigadas de sapadores florestais, mais torres de vigia, e sobretudo apostar de forma efectiva nas novas tecnologias, nomeadamente nos Sistemas de Acompanhamento e nos Sistemas de Coordenação e Comunicação Via Satélite (GPS e SIG). Uma adequada formação aos elementos das corporações de bombeiros, da protecção civil e dos sapadores também foi considerada essencial.

No caso de ser necessário actuar, ao contrário do que na generalidade se pensa, os meios aéreos apesar de serem muito importantes e serem uma grande ajuda no combate aos fogos, só se tornam eficazes e úteis se existirem em terra bons equipamentos e material adequado, associado a meios humanos bem treinados e bem informados sobre as características climatéricas, florestais e geográficas da área de actuação.

Curiosidade: Sempre que se verificar a regra dos 30, existe sempre Risco de Incêndio Elevado. A regra dos 30 aplica-se quando a temperatura está acima dos 30ºC, a humidade está abaixo de 30% e o vento está acima de 30 km/h.

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