Temos assistido, quase todos os dias a noticias sobre a nova Lei de bases do sistema educativo, onde se engloba o assunto mais debatido nos últimos meses, a avaliação dos Professores.
Os Professores têm vindo a ser brutalmente banalizados por esta suposta Ministra da Educação, que a única coisa que faz é denegrir a imagem dos Professores. Vejamos, há poucos anos, um Professor era visto como um exemplo a seguir pela sociedade, pessoa de bem, trabalhadora, aplicada. Neste momento um Professor é visto como preguiçoso, incompetente, … Esta Ministra orgulha-se de ter os Professores contra ela, satisfazendo-se apenas em ter os Encarregados de Educação do seu lado.
Muito bem, se a Educação em Portugal deve ser comandada pelos Encarregados de Educação, eu pergunto, qual será o Encarregado de Educação que quer que o seu filho fique retido? Esta Ministra está de parabéns, pois descobriu a fórmula, para o sucesso total do ensino Português.
Relativamente ao tema que abordei, a Avaliação dos Professores, estes já são avaliados diariamente. Senão vejamos:
- No dia em que os resultados dos exames são afixados é o Professor que está em causa, não é o aluno, caso os resultados sejam maus é o professor que é o responsável, não o aluno.
- No dia em que os órgãos de gestão analisam os resultados, é o professor que está em causa, não são os alunos.
- O controlo, a guerra pelas notas por parte dos alunos do secundário (e não só) leva a um grau de exigência enorme por parte destes e dos encarregados de educação sobre a actuação e competência científica do docente.
É portanto ridículo falar em não avaliação dos Professores.Claro que se pode questionar as consequências deste processo para os professores? Existem factores a alterar. O que acontece aos docentes "maus"? (existem, como existem em todas as profissões). É por isso, que nunca ouviram nenhum Professor a dizer: “Não, não quero ser avaliado!”.
Deve haver avaliação dos Professores, bem como a todos os funcionários públicos, mas exigem-se parâmetros de avaliação justos e em que enalteçam a tão nobre missão de encaminhar os nossos jovens para o futuro de sucesso e prosperidade.
Fábio Bota - Professor
Presidente da JSD Algarve
2 comentários:
Na proposta ministerial de regulamentação do Estatuto da Carreira Docente para o primeiro concurso de titulares, feito com base na análise curricular, são obrigatoriamente consideradas a habilitação académica e profissional, a experiência profissional e a avaliação do desempenho. E na experiência profissional é ponderada, entre outros factores, a assiduidade ao serviço de 2000/2001 até 2005/2006, isto é, durante os últimos seis anos lectivos.
Ora, nas faltas, licenças e dispensas que o Ministério da Educação pretende que relevem negativamente no acesso à categoria de titular, contam-se, por exemplo, as licenças de maternidade, a assistência a filhos menores, até o nojo. E pelo andar da carruagem contarão também as faltas justificadas por doença ou, mesmo, para a licença sabática.
Com efeito, segundo o Secretário de Estado Adjunto da Educação, Jorge Pedreira, «o critério da assiduidade não exclui ninguém», mas os professores «que têm mais dias de serviço prestado e que efectivamente cumpriram o tempo de serviço são melhor pontuados». E sem se dar conta do enorme disparate que dizia, o Secretário de Estado até acrescentou que tal proposta não penaliza nenhum professor, pois apenas «beneficia alguns» em razão da assiduidade.
Isto significa, por exemplo, casos como estes:
Uma professora que tenha tido, neste período de seis anos, duas crianças, dificilmente terá acesso à categoria de titular. Também não chegará lá aquele professor que esteve de baixa, por exemplo com uma doença contagiosa que até o proibia de leccionar. E, presumivelmente, o professor a quem o Ministério concedeu uma licença sabática de um ano, para poder realizar um mestrado ou um doutoramento, portanto para melhorar as suas habilitações académicas, será preterido por colega menos habilitado.
Não é, pois, o mérito que orienta os actuais responsáveis ministeriais na regulamentação que apresentaram. Será, porventura, o apuramento da «raça» dos professores, preferentemente recrutados entre gente com saúde de ferro. Ou quiçá a reinvenção do antigo estatuto de professoras primárias e enfermeiras, proibidas de casar e, portanto, de ter filhos, nos anos 30 do século XX. Podendo até alguns espíritos malévolos suspeitar que, para alguns dos actuais governantes, a proposta da interrupção voluntária da gravidez tinha como primeiras destinatárias as professoras candidatas a titulares.
Em qualquer dos casos, trata-se de uma penalização das mães, dos doentes ou dos habilitados com mestrados e doutoramentos. Uma penalização aplicada retroactivamente, contra tudo o que é regra no direito. É, aliás, feita tábua rasa da Constituição da República Portuguesa, quando concede às mães direitos de dispensa de trabalho por tempo adequado ou quando protege a saúde dos doentes.
Nunca tal fora visto em Portugal. Mesmo no tempo da ditadura, existia um mínimo de respeito pelas mães ou pelos doentes. Mas os responsáveis do Ministério da Educação, governantes da «Esquerda Moderna», atropelam a Constituição e os direitos de cidadania. Não respeitam os vivos. E escarnecem, também, dos mortos, ao penalizarem as faltas por nojo.
Sem um quadro de valores, cristão ou simplesmente humanista, parecem querer reinventar uma modernidade com trezentos anos, impondo a situação laboral dos alvores da «economia de mercado», em que os trabalhadores, vertendo suor e sangue, laboravam de 12 e 14 horas, sem interrupções e licenças, sem férias e assistência na doença ou na velhice.
O Governo anda desorientado. Publicamos recentemente uma análise que identifica as principais razões da crise na nossa Educação, e aponta o caminho de saída. Devemos todos exigir uma acção urgente. Ora, resolvidos os problemas metódicos, muitos outros irão gradualmente desaparecer.
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