segunda-feira, novembro 08, 2004

A Força do Algarve - O Jantar II

Luís Filipe Menezes foi convidado de honra de Mendes Bota. O autarca de Gaia não tem medo das disputas internas, pelo contrário: da desunião nasce a força.

Segundo o presidente da Câmara de Gaia, "os momentos mais altos do PSD foram quando soube compaginar a construção da unidade com a conflitualidade decorrente do confronto de ideias diferentes".

Para Menezes, "sempre que o PSD se fechou dentro de casa, criou clientelas, gerou os seus boys e sempre que impediu a diferença de se manifestar, definhou. Esse PSD tem-se enxertado um pouco por todo o País e é contra isso que eu me bato", afirmou.

As palavras do autarca estavam directamente relacionadas com o processo eleitoral no PSD/Algarve e, simultaneamente, pretendiam desvalorizar os argumentos da candidatura de Isabel Soares que clamam pela unidade e acusam Mendes Bota de dividir o Partido. "Esta divisão entre militantes não deve ser entendida como uma separação", mas sim como uma forma de se construir "o PSD da vitória, da diferença e do confronto", afirmou.

A ilustrar a afirmação, Menezes deu dois exemplos paradigmáticos: "quando Sá Carneiro partiu o Partido ao meio, com as opções inadiáveis, e até foram para casa 50 ou 60 notáveis que eram deputados à Assembleia da República, seis meses depois, Sá Carneiro tinha a primeira maioria absoluta em Portugal. Também um algarvio, Cavaco Silva, na Figueira da Foz, ganhou por uma vintena de votos de diferença com o Partido dividido a meio, seis meses depois era primeiro-ministro com uma maioria", lembrou.

"É nas divisões que se confrontam ideias, é nas divisões que se confrontam projectos e depois é da síntese desses projectos que se consegue gerar a unidade pela qual vale a pena lutar", sustentou.

Em mais uma referência à candidatura de Isabel Soares, o social-democrata disse que "quando há disputas locais e regionais do Partido, há sempre um grupo que, não confiando nas suas próprias forças, quer ir buscar apoio a Lisboa - para dizer que é um legítimo representante de interesses regionais junto do Poder Central: isso é um sinal de fraqueza", garantiu.

Reforçando as palavras de Mendes Bota, Luís Filipe Menezes, disse que "ninguém tem legitimidade no Algarve para dizer que quem está com o Mendes Bota é contra o líder do Partido: eu estou com o Bota e sou a favor do actual primeiro-ministro".

Para o autarca, "esta sala e esta candidatura transpiram duas coisas fundamentais - no passado, no presente e para o futuro do PSD: a união entre as bases do partido, que enchem salões, comícios, festas e ruas, sem nunca ter direito a uma fotografia no jornal, ou um lugar bem remunerado; e a presença daqueles que valem votos, os presidentes de câmaras pequenas, que sendo pequenas, são as mais vulneráveis e as que mais dependem da Administração Central. Não estão aqui muitos daqueles, poucos, que têm lugares de nomeação: têm medo de os perder se houver um poder político no Algarve a exigir os melhores para ocupar esses lugares", concluiu.

"Refundar" o PSD/Algarve

Numa sucessão de nove intervenções, Cristóvão Norte, líder da JSD/Algarve, explicou as razões que levam os jovens sociais-democratas a escolher Mendes Bota.

"Pretendíamos, quando explanamos um conjunto alargado de preocupações, que o PSD/Algarve tomasse posições, onde defendesse as legítimas aspirações e interesses dos algarvios. Infelizmente, o PSD/Algarve não agiu assim. Por isso, quando surgiu a candidatura de Mendes Bota, a JSD não hesitou, porque sabíamos que íamos ter um PSD revigorado e revitalizado. Um PSD que não negligência o seu papel fundamental e incontornável na vida política regional". Para isso, acrescentou Cristóvão Norte, "precisamos de um PSD forte, com um programa e acção política forte, forjado na vontade das bases dos militantes".

Para Cristóvão Norte, "esta candidatura é uma lufada de ar fresco, é um refundar do PSD, é um novo impulso e apoiá-la é um dever de consciência e militância", afirmou.

O líder da JSD quer "um PSD/Algarve que apoie e caucione as medidas do nosso Governo, mas não queremos que o faça de um modo cego, subserviente, ou despudorado. Precisámos de uma Comissão Política Distrital que marque a agenda política - debata e reflicta sobre o Algarve e o futuro de todos nós", disse.

Norte lembrou Francisco Sá Carneiro quando disse que a JSD devia ser a consciência crítica do PSD. Para o líder da juventude social-democrata, Mendes Bota "protagoniza esse espírito de irreverência: bate-se pelas suas ideias e convicções".

"Sem liderança"

Expressando as preocupações dos Trabalhadores Sociais-democratas, Alberto Almeida disse que "os camiões TIR vão vazios para Lisboa", uma alusão à alegada "ausência" da actual Comissão Política Distrital. Segundo este responsável, os trabalhadores algarvios "não têm tido interlocutores, alguém que transmita ao Governo os problemas da região, desde as pescas, até à questão da Via do Infante".

Barros Madeira, mandatário distrital, classificou a candidatura de Mendes Bota como de "esperança". Acusou o PSD/Algarve de "ter estado a dormir ao largo do Rio Arade". O responsável não tem dúvidas: a forma como o Partido está a ser conduzido na região "está a matar as bases" e sendo o PSD um Partido das bases, está "a matar o Partido", afirmou.

José Estevens, cabeça-de-lista à Conselho de Jurisdição Distrital disse-se "orgulhoso" por ter ido "bater à porta" de Mendes Bota. A sensação, acrescentou, "era de que o PSD/Algarve estava apático, a dormir, não existia: mas existe, só não tem liderança", acusou.

Colaço Canário, cabeça-de-lista à Mesa da Assembleia Distrital, destacou a "honestidade e capacidade de trabalho", tanto de Mendes Bota, como de toda a equipa.

Seruca Emídio, Presidente da Câmara Municipal de Loulé, mas falando a título individual, expressou as razões de natureza pessoal, institucional e política, pelas quais decidiu, sem reservas, e desde o primeiro momento, apoiar a candidatura de Mendes Bota à liderança do PSD/Algarve.

José Graça, presidente da Comissão Política de Loulé, estrutura anfitriã do jantar, reiterou o apoio "unanime e incondicional" daquela secção concelhia a Mendes Bota.


Artigo de Rodrigo Burnay/Márcio Fernandes

in Região Sul Online

1 comentário:

Anónimo disse...

Espero mais artigos e comunicados e menos entrevistas e noticias de meios de comunicação social. Vá rapazes não vos quero a dormir em serviço. Venham de lá as vossas idéias.

Nuno Vaz Correia