terça-feira, janeiro 25, 2011

JSD/Algarve - A rede de transportes públicos no Algarve é uma miragem

A rede de transportes públicos no Algarve é uma miragem

JSD/Algarve lança apelo a que grupo de trabalho recentemente nomeado, conclua com sucesso, um plano regional para a área

Os jovens do Algarve esperam e desesperam por uma rede de transportes públicos digna de ter o nome “rede” na sua identificação. Hoje assistimos a cada operador público (ou de serviço público) trabalhar de forma desarticulada, não havendo uma perspectiva regional sobre os transportes de passageiros mas sim meras respostas a dinâmicas locais e económicas de cada operador.

Esta não é uma problemática nova. Já em Novembro passado a JSD/Vila Real St.º António havia expressado as suas preocupações e levantou na altura diversas questões que levaram a CP a fazer importantes ajustes na sua programação e orçamento para a linha do Algarve em 2011. Na altura foram levantadas diversas questões como a falta de comodidade e segurança das composições, a degradação das estações ferroviárias no Algarve, a constante redução do número de ligações e os tempos de viagens entre as cidades.

É dramático e desesperante andar de transportes públicos na região. Um jovem que viva em Vila Real de Santo António e estude na Universidade em Faro e opte pelo comboio como meio de transporte, perde cerca de duas horas e meia no percurso diário (ida e volta) e paga cerca de 8,50€ para o realizar. Já um jovem que viva em Lagos, e também estude em Faro, perde cerca de quatro horas no percurso diário (ida e volta) e paga cerca de 12€ para o realizar. Feitas as contas para o jovem de Lagos estamos a falar num custo mensal de 240€ e 80 horas de comboio por mês (naturalmente que os passes mensais atenuam a situação). É manifestamente insustentável! Existem no entanto passes mensais que atenuam a situação (o passe para menores de 23 anos) mas por incrível que possa parecer, o Cartão Jovem só dá descontos em distâncias superiores a 100kms e o Cartão de Estudante não dá desconto nos comboios regionais.

Esta é uma situação que deve merecer por parte dos nossos governantes uma atenção especial pois obriga a que muitos jovens no Algarve sejam obrigados a deixar as suas casas, com todos custos que tal acarreta, para ir estudar na universidade.

O Secretário de Estado dos Transportes, num despacho de 05 Janeiro, reconhece o fracasso da lei de descentralização da organização dos transportes públicos estabelecida pela Lei de Bases dos Transportes Terrestres. Neste despacho é possível ler que “apesar da lei de Bases dos Transportes Terrestres ter vindo a estabelecer uma nova repartição de competências entre a administração central local, deixando a cargo dos municípios a concessão de exploração de serviços de transportes urbanos e locais e ao Governo a atribuição de serviços de transporte interurbanos ou interconcelhios, esta descentralização ainda não foi levada a efeito.”

Neste sentido, o Secretário de Estado nomeou um grupo de trabalho para elaborar uma proposta de organização do sistema de transportes no Algarve onde seja feito um diagnóstico da situação, apresentadas soluções de planeamento da rede, do seu financiamento e sustentabilidade e da sua estrutura organizativa. E, com este, já lá vão três grupos de trabalho sem qualquer resultado visível!

Ainda recentemente a JSD/Algarve denunciou esta problemática num documento de análise do trabalho do governo PS em 2010 no que respeita as temáticas da juventude. Nele dizíamos:

“Não podemos falar em rede de transportes públicos na região quando ela simplesmente não existe. Para os jovens esta matéria é muito importante, tendo em conta que são um dos segmentos da população que mais utiliza esta forma de mobilidade. Em 2010 não houve avanços nesta matéria por parte do Governo porque não é sequer uma preocupação do PS na nossa região.”

E afirmávamos a nossa visão do problema:

“Defendemos uma rede de transportes públicos diversificada, com incidência na área central do Algarve, mas cuja estrutura tenha a capacidade de, de uma vez por todas, acabar com as assimetrias regionais em termos de transportes. Os centros urbanos mais distantes do centro do Algarve continuam sem uma rede satisfatória e o objectivo de uma “rede regional de transportes”, continua por cumprir.”

Acrescentado a este ponto lembramos ainda a aspiração dos jovens no Algarve, nomeadamente do Sotavento, em ter uma real plataforma intermodal com a internacionalização da linha, consubstanciada na sua ligação a Espanha.

A JSD/Algarve saúda esta iniciativa governamental que foi despoletada pela vontade dos municípios envolvidos na Rede Urbana para a Competitividade e Inovação (Algarve Central) e que congrega os municípios de Faro, Albufeira, Loulé, Olhão, Tavira e S. Brás de Alportel, e espera que os trabalhos deste grupo seja concluídos com rapidez e sucesso. Estaremos atentos aos trabalhos agora desencadeados e não iremos deixar passar em claro mais um fracasso numa matéria tão importante para os jovens no Algarve.

A Comissão Politica Regional da JSD/Algarve
Faro, 25 de Janeiro de 2011

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