Após o anúncio da instalação do novo Aeroporto de Portugal em Alcochete, faz todo o sentido que o Governo trace uma linha do comboio de Alta Velocidade – TGV – para o Algarve.
Como principal pólo turístico do país e principal contribuinte do PIB turístico a nível nacional, faz todo o sentido que o novo Aeroporto de Portugal tenha uma ligação ferroviária de alta velocidade directamente da plataforma a edificar até ao centro do Algarve. Partimos portanto do princípio que o projecto do TGV será repensado após esta decisão de alteração do local do aeroporto e tendo em conta que se situa a sul do Tejo. Cai portanto por terra os argumentos dos custos acrescidos com a necessidade de novas travessias do Tejo visto que o próprio Ministro Mário Lino o anunciou como uma necessidade complementar à nova localização do Aeroporto. Sabendo que o Projecto Português de Alta Velocidade definia à partida que a ligação ao Algarve se faria a partir de Évora, faz agora todo o sentido reformular a linha que iria ligar Lisboa a Madrid realizando uma ligação do TGV a sul do Tejo o que irá transformar o “deserto” de Mário Lino na principal plataforma logística e humana de Portugal e provavelmente da costa oeste da Europa. Ora, assim sendo, não se trata portanto de uma questão de egocentrismo regionalista mas antes uma clara necessidade de potenciação turística do Algarve com vantagens imediatas após a sua implementação.
Tomando este exemplo da tomada de decisão do novo Aeroporto abriu-se um precedente que só o tempo irá mostrar se foi ou não positivo, ou seja, a interferência directa da sociedade civil organizada e de grupos de interesse, demonstrando com dados e estudos devidamente comprovados, novos cenários de futuro. Cenários possíveis.
Este precedente vai ter certamente seguimento no necessário processo de reformulação das linhas do TGV em Portugal. Irá a linha Madrid – Lisboa passar a norte do Tejo ignorando o novo Aeroporto mas respondendo aos anseios dos responsáveis pela zona da Ota em ter um plano de investimentos com vista a compensar a expectativa de desenvolvimento daquela zona? Irá o Algarve continuar a estar no segundo plano das escolhas para as linhas de alta velocidade do País? Ou será que o País anda a uma velocidade e o Algarve a outra? Podíamos, com alguma razão, especular sobre a falta de peso político que o Algarve tem no país como afirmou há bem pouco tempo um dirigente de uma associação empresarial do Algarve o fez, no entanto esse exercício de retórica de nada iria valer porque não serão os nossos votos e as nossas posições conjuntas enquanto região que irão pesar na decisão. Têm no entanto os Algarvios com responsabilidades políticas que alertar para os argumentos que podem fazer a diferença na concretização da chegada do TGV ao Algarve.
Já que foram gastos milhares de contos (perdoem-me o saudosismo monetário, mas o termo é mais compreensível/chocante) em estudos para a implementação de um aeroporto na OTA que afinal ruma um pouco mais a sul, certamente seriam bem empregues mais uns milhares de euros em mostrar as virtudes de conduzir até ao Algarve o comboio de Alta Velocidade. Certamente que o governo ou as CIP´s deste País não o irão fazer, no entanto nada impede que as associação empresariais, de comerciantes ou de outro grupo de interesse do Algarve, patrocinado pelas “forças vivas” da região, realizem uma abordagem técnica sustentada, assente em premissas reais e com conclusões passíveis de concretização.
Seria muito importante que a RAVE/REFER recebe-se um contributo Algarvio para a definição das prioridades das linhas a implementar em Portugal. Sabendo que as linhas Lisboa-Madrid e Lisboa-Porto terão prioridade, nada implica que linha prevista neste momento de ligação Évora-Faro, seja revista para uma futura linha Alcochete-Faro e passe também ela a ser uma prioridade.
Bruno Inácio
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